As declarações do governo do Estado enfatizando aumento de gastos com a folha de pagamento dos servidores públicos são vistos com preocupação pelo Sindicato dos Servidores Públicos no Estado do Tocantins (Sisepe-TO). Presidente da entidade, Cleiton Pinheiro informou nesta terça-feira, 30, que o servidor está “receoso” quanto à garantia de seus direitos, uma vez que, segundo ele, “não tem um discurso, uma entrevista, em que o governo não coloque o servidor como responsável pelos problemas financeiros do Estado”.
Estas declarações são alvo da crítica da entidade que cobra do governo que “assuma a sua responsabilidade” no aumento de gastos com a folha. Segundo Pinheiro, o governo não admite, mas uma de suas primeiras medidas na administração, ainda em 2011, foi conceder aumento de salário aos cargos de chefia do Poder Executivo. “Ele nem sabia a real situação e já foi concedendo o aumento”, criticou.
Pinheiro afirmou ainda que o governo “não planejou para poder administrar o Estado como deve”, apontando que um dos fatores que têm contribuído para o aumento na folha de pagamento é a criação de cargos e pastas “desnecessários”, como subsecretarias e até uma secretaria extraordinária para Assuntos Legislativos junto ao Congresso Nacional, criada recentemente para, segundo Pinheiro, "agasalhar” aliados políticos. Este último cargo, na avaliação do sindicalista, foi criado apenas para garantir lugar no governo a um senador [Vicentinho Alves, PR], para colocar o suplente [João Costa, PPL] no cargo.
“Não é o servidor efetivo sozinho quem está fazendo com que a folha atinja o seu limite”, enfatizou.
Fazendo um comparativo entre a folha de pagamento de dezembro de 2010 e a atual, Pinheiro afirmou que na época, os cargos comissionados representavam em torno de 40% da folha. Hoje, conforme afirmou, esse percentual atinge até em torno de 32%, o que não demonstra grande redução neste tipo de contratação. Para ele, o que o governo fez foi reduzir a quantidade de contratados, mas aumentar os salários dos que ficaram, ou seja, “ele tirou o pouco de muitos e privilegiou um pequeno grupo com salários altos”.
“O Sisepe não é contra reajuste aos servidores. Pelo contrário, defendemos que todos ganhem bons salários. O que não podemos aceitar é o governo dizer que o servidor é o vilão. Ele não está falando a coisa certa”, argumentou. (Patrícia Saturno)